Daqui a um mês será realizado em todo o território nacional o ENEM 2010 (Exame Nacional do Ensino Médio). E nesse clima de reta final optei por fazer uma análise das provas anteriores, mais especificamente a prova de redação.
Confesso que apesar do meu forte apreço pela escrita, sinto-me angustiada com uma prova que embora tenha hoje um valor de seleção muito maior, ainda insiste no banal e no pouco específico no que se refere aos temas da prova discursiva.
A moda do ENEM sempre foi aquele modelo básico, tipo o tradicional jeans e camiseta. DISCUTA, ELABORE ARGUMENTOS E DÊ SOLUÇÕES. E a angustia está aí: dar soluções. Exemplo, elabore soluções para o problema da saúde pública caótica e deficiente no Brasil. O interessante nesses casos é perceber que pouco se sabe de soluções nesse país. Até porque elas deveriam emanar dos incautos cérebros que elegemos de 4 em 4 anos, como eles não trabalham, apenas fingem isso muito bem, o povo desconhece as soluções e as que existem teoricamente já estão clicherizadas.
Daí vem o ENEM, elaborado pelos próprios órgãos do governo, pedindo, ou melhor, exigindo soluções do candidato na prova discursiva em 30 linhas. Ou seja, querem que façamos o que eles não conseguem fazer, PENSAR NELAS: AS SOLUÇÕES.
E olha, pensar nas soluções para os nossos problemas já dá um maior trabalho imagine nos dos outros, ou então solucionar os de uma nação inteira!
Eu não mereço isso!
Ninguém merece!
Se ao menos eles levassem a sério nossas propostas...
Mas não! É tudo calculado em uma nota máxima de 1000 pontos, que raramente alguns alcançam, tipo uns 30% dos que fazem a prova. Mas esse já é um outro assunto.
Você se mata para solucionar os problemas públicos e ganha 700 pontos. Eu desisto!
Como querer injetar em nós apenas com uma prova o sentimento de nacionalismo, fraternidade e a consciência cidadã de solucionar os problemas públicos?
Como conseguir um façanha desse calibre? Justamente nós, embebidos pelo espírito do individualismo apregoado pelo sistema capitalista nos quatro cantos desse mundo. Se é que esse mundo tem canto.
Obs: não questiono a credibilidade ilibada desse exame, apenas penso na contramão de quem o elabora. Para essa simples pensadora que vos escreve não se mede a capacidade de um candidato levando-o a pensar pelo governo e muito menos a arguir soluções clicherizadas que todo mundo tá cansado de saber, mas que nunca são feitas!
Pense nisso!
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