" O homem nasce bom, a sociedade o corrompe". Já dizia Rousseau, no século VIII, a citação inspiradora para o título determinista. A sociedade predestinada a corromper o homem, e o homem a viver em sociedade.
Talvez o filósofo estivesse com a razão. Desde os primeiros resquícios de sociedade primitiva a corrupção humana é latente. E a citação de Rousseau abrange todas as formas corruptivas.
Nas primeiras sociedades a corrupção assumiu representações semelhantes as atuais, mas que foram modificando-se com o tempo. A imoralidade corrupta não escolheu culturas, estendendo-se então das milenares orientais às recentes do ocidente. Presente da mitologia grega às sagradas escrituras, nas corruptas Sodoma e Gomorra... do Absolutismo Monárquico às despóticas ditaduras do século XX... nada mudou. A corrupção existe e pelo o que parece, é inerente ao homem em sociedade.
Verifica-se que toda sociedade por mais socialista que seja, e em qualquer estágio de desenvolvimento, foi ou é acometida pelos efeitos da corrupção. O motivo? O Poder. A constatação latente de que a corrupção pode existir. Não há nada que ludibrie mais um homem do que o poder.
E assim como toda forma de poder pode ser um passo para a dominação, todo direito é uma forma de não se deixar corromper.
Estamos a pouco menos de duas semanas para a realização de umas das maiores conquistas políticas. Um direito conquistado em muitas nações democráticas, as eleições diretas, que são ou deveriam ser um marco da liberdade de escolha política de uma população que sempre careceu de representantes idôneos para garantir os direitos sociais.
Num clima afoito e ao mesmo tempo cheio de receios, lá está ele, o protagonista: o voto. Denotativamente definido como uma manifestação de opinião individual, depositada em algo ou alguém. Votar é confiar, ou pelo menos deveria ser...
Na reta final da campanha eleitoral os números divulgados pelo Ibope assustam. Dos entrevistados, 73% das pessoas acham que os únicos beneficiados pela política são os próprios políticos. E quando questionados sobre a venda de votos, 13% dos entrevistados disseram que trocariam o voto por algum benefício próprio.
Venda de voto é crime eleitoral. Dá cadeia! Mas parece que muita gente não liga pra isso. Eu diria que é curioso perceber que um dos direitos políticos mais difíceis de ser conseguido tornou-se o estopim de uma reação em cadeia onde o protagonista é outro: a corrupção. O que quero dizer é que em época de eleições há muita gente "besta" vendendo por muito pouco o que é um direito de escolha. E nesse caso o corrupto que elege não é menos corrupto do que o eleito.
Pouco se espera de medidas de coerção social, como campanhas, palestras, propagandas... até porque corrupção não se resolve com palavras e sim com atitude. Foi-se o tempo em que a corrupção era um desvio provocado pelo caráter, hoje ela é o reflexo do que é a sociedade.
Há duas mudanças que jugo essenciais. A primeira é que o cidadão precisa conhecer seus direitos e entender que quando vende seu voto coloca o seu futuro, o futuro da sua família e o de milhares de brasileiros a deriva. Hoje ele vende o voto por um valor x , amanhã estará pagando 5x de impostos. Amanhã ele pode precisar de um atendimento médico para o filho recém nascido, chegar no SUS e não ter médicos para resolver o problema da criança. Seu filho pode precisar de uma operação de urgencia e não ter médicos para salvá-lo, simplesmente porque... você já sabe!
A segunda mudança é no Judiciário Brasileiro, que deveria ser mais ágil para assegurar a justiça política ao contrário de proteger por lei as falcatruas dos Marajás. Tá aí o Ficha Limpa, que seja aprimorado e levado a risca, porque já tem cadidato ficha limpa só esperando a oportunidade de sujá-la.
Eleitor, não podemos mais compactuar e recheiar o Planalto Central de cuecas, panetones, malas, meias...
Não seja inerte e nem fique anestesiado!
Esse fado supera-se com um voto consciente.
Pense nisso no próximo dia 3 de outubro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário