Todo ano é a mesma coisa, passa a estação das chuvas e eles logo aparecem. Lá estão eles, pequenos, médios ou enormes, não importa a dimensão. Eles existem: os buracos. Para resolver chama-se a "operação tapa buracos". Joga-se o piche e depois vem a máquina espalhando aquela massa negra e pegajosa, que todo mundo conhece. Pronto, buracos tapados. Tarefa cumprida. Tarefa cumprida? Não, puro engano! Já, já voltam as chuvas e os buracos também. Ou seriam crateras? Situação corriqueira, não? Eu já vi, você já viu. E não adianta.
Pois bem, é exatamente assim como o piche que o sistema de cotas em universidades públicas irá funcionar. As cotas são a alternativa mais fácil para se encobrir o problema crônico da má qualidade de ensino público no Brasil. E o desleixo político do Estado quanto ao assunto.
Usar o discurso da desigualdade social entre "negros" e "brancos" para defender o sistema, constitui-se uma alternativa sem préstimo. É também escusado dizer que com as cotas haverá mais chances de aprovação e inclusão de negros nas universidades. O vestibular é um processo de exclusão e não de inclusão. Assemelha-se á lógica de um funil. Tudo em função das vagas disponíveis.
Os buracos estão aí, a escola pública deficiente, a falta de investimento, a baixa frequencia escolar... Todos questionam, é culpa das chuvas que abrem os buracos ou das desigualdades sociais que a História explica muito bem. O que ninguém faz é questionar o sistema de vagas. Será o suficiente? Lembro-me de quando prestei o vestibular pela primeira vez, eram 35 por vaga no curso de medicina. Foi uma tortura, se você já passou por isso sabe como é a competição.
Eu pergunto, por que não investir na construção de novas UFs? Por que não criar cursinhos pré-vestibulares para alunos da rede pública? Por que não aumentar o número de vagas? Simples, sabe por quê? Porque colocar o piche nos buracos é mais "viável" do que reconstruir a rodovia inteira.
Cota não é solução e sim a alternativa imediatista mais fácil, assim como o piche. Infelizmente não resolve.
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