" ESCREVER É AMADURECER COM AS PRÓPRIAS IDEIAS!"

( Roberta Amaro )

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O DIA QUE DEUS FALOU E EU NÃO O OUVI...




Muda, surda, indiferente, assim eu me fiz. Como se eu habitasse numa bola acústica e escura. Eu não ouvi a quem sempre me deu ouvidos.
Saí naquela tarde feliz e a alegria fora incomensurável. Senti o prazer inenarrável de rever bons e velhos amigos. Um "oi!", a conversa, o dia especial.
E foi num instante, milésimos de segundos capazes de transportar-nos para lugares e situações embaraçosas e complicadas, que eu não pude ouví-lo.
Quando percebi estava numa sorveteria movimentada negando uma prata a um jovem menino de rua. Ele dizia é para meu lanche da tarde. Embora em vão ele tenha implorado alegando não ser dinheiro para as drogas, eu de cega me fiz surda. Indiferente, omissa...
O menino foi embora e certamente eu não percebi. O passeio na quente tarde de verão prosseguiu e teria sido somente parte das lembranças entre amigos. Eu me lembraria dos momentos, das conversas, de tudo menos daquele menino, não fosse...
Não fosse a indiferente ser açoitada pela indiferença. Talvez agora eu nem me lembrasse do rosto daquele menino que insiste em lapsos cercar minha memória.
E naquela mesma tarde a caminho do ponto de ônibus por causa de alguns instantes e poucos passos ainda não percorridos, o coletivo deu partida e parou pouco depois obedecendo ao sinal vermelho de trânsito. Recuei, dei sinal, corri, me posicionei em frente a porta e implorei ao motorista para que abrisse. Ele com a feição insatisfeita e com toda a ignorância calada num olhar disfarçado pelos óculos de sol, me encarou... Pedi desculpas e agradeci ao favor mais opressor que alguém já me prestou na vida.
O coletivo arrancou. Sentada ali no ônibus tentando digerir todo aquele ocorrido, lutando para juntar a pouca saliva que me restou para umedecer a garganta, um pensamento pousou na mente.
" Um dia esse motorista ainda vai precisar de mim, e se lembrará de hoje. Um dia não distante como médica ele possa contar somente comigo, a moça que numa tarde de verão ele tratou com indiferença".
Horas mais tarde, já em casa, eu perguntei a Deus por que? E ali sentada disposta finalmente a ouví-Lo, Ele disse:
" Naquele instante na sorveteria você tinha muito mais do que uma prata para oferecer ao garoto. Você tinha a Mim, a direção certa para mostrar àquele rosto sofrido, calado e distante que Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Mas você preferiu ser indiferente igual ao motorista. Negou não só o dinheiro para o lanche, negou a palavra de salvação a uma alma perdida. Não deu ouvidos a Mim que sempre te ouço. Agora sentindo na pele o açoite da indiferença, quem sabe um dia não distante você entenda que a oportunidade de salvar uma alma pode ser única, ou até mesmo a única. Eu não serei indiferente a ti, ofereço então essa oportunidade de mudar e de ser melhor!"
Obrigada Deus! Pela inspiração e pela oportunidade que agora eu agarro com toda fé!
Pense nisso!
Roberta Amaro

Um comentário:

  1. O silêncio vale muito nas horas incertas, mas no momento oportuno quebrar-lo pode alivias corações e tenha certeza vc foi refrigério inumeras vezes... Deus tem facilidade em esquecer nossos erros quando facilmente reconhecemos nossa humanidade e nos colocamos como verdadeiros filhos de Deus!
    Que Ele abençõe o seu caminhar...

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