" ESCREVER É AMADURECER COM AS PRÓPRIAS IDEIAS!"

( Roberta Amaro )

sábado, 7 de abril de 2012

DANDO UMA CHANCE, QUANDO TUDO PARECER IMPOSSÍVEL.



 MINAS 7 , NOSSA HISTÓRIA...


Desde pequena eu já desconfiava de algumas inabilidades pessoais. Por mais que eu me esforçasse o tempo se incumbia de fazê-las ainda mais notórias. Poderia listar algumas delas, umas até muito bem superadas, como o meu medo de cachorros. Mas de todos os desafios que eu precisei encarar na infância lá estava a inaptidão por esportes.

Era terrível ter de lidar com isso, principalmente porque é na escola, mais precisamente no primário que isso fica bem evidente. Até aí eu podia até rir de mim mesma e me importar muito pouco. Crianças não se importam muito em errar ou em ter de tentar de novo, mesmo com todos os olhares fixos nelas. Sempre arrumando um jeitinho de isso parecer cômico, “bonitinho” e uma graça para os adultos. Pena que na inocência não podemos prever o que acontecerá quando a juventude chegar. Até porque se isso acontecesse jamais teríamos aquelas crises de querer ser maior e bem mais velho.

Não importam quais são as suas dificuldades pessoais ou seus problemas, isso certamente vira uma bola de neve na adolescência. Se antes o simples fato de você não conseguir chutar direito uma bola de futebol e se esborrachar no chão era engraçado, isso passa a ser um terror quando você é pressionado mais tarde a jogar futebol com os amigos de colégio. Você será “zoado” o resto dos seus dias. (Isso soou um exagero, mas tudo bem).  – “Seu Perna-de-pau!” – esse é o mínimo de incentivo que eles vão querer ter dar. É por isso que eu tenho uma pena de alguns menininhos por aí. Eles definitivamente não têm culpa desse infortúnio, inábeis com a bola justo no país do futebol, onde 98% dos garotos nascem com o sonho de se tornarem jogadores de futebol profissional.

Minha sincera compreensão a vocês!

Bom, ainda bem que eu era uma garotinha com 13 anos. Pelo menos fiquei livre dessa pressão que os garotos passam, mas como nem tudo são flores eu estava certa de que ainda ia ter problemas. Treze anos, ‘nerd’, sem nenhuma habilidade com esportes. Essa era eu. Você possivelmente pode imaginar como eu era né? Pois bem, só tirem os óculos fundo de garrafa, por favor! Tirou? Aí, obrigada! Eu nunca usei óculos!  Isso era por sinal um bom triunfo! Ponto a meu favor em parecer pelo menos um pouco normal.  “Para nossa alegria...”
Se tinha aula de educação física lá estava eu, no canto sentada. E olha que eu nem precisava torcer para que ninguém me escolhesse pro seu time. Eu era descartada e isso por si só já era um alívio. O pavor era quando eu me via sem alternativas, encarando uma partida de voleibol ou queimada. Se bem que nos jogos de queimada eu conseguia um bom rendimento – me desviava bem das bolas, talvez pelo corpo franzino - Não sei se era um ponto ao meu favor, levando-se em consideração que eu era a última do time em quadra, sem muito jeito de queimar alguém do outro time. Alguma hora o cansaço seria maior do que minha capacidade de se desviar das investidas do time adversário. Perdia meu time. Fazer o quê, né.

Alguns amigos eram compreensíveis e até camaradas, contudo não havia nada do que eles pudessem fazer para que eu me sentisse melhor. Aliás, o melhor para mim era quase sempre encarar aulas de álgebra, contas e mais contas, regras e mais regras de português com todos aqueles tempos verbais, que ninguém esquece. Pois é, se você me perguntasse o que eu mais gostava de fazer eu diria: estudar.   E isso não mudou muito, eu confesso. Todavia tem uma porção de coisas que mudaram desde essa época, e hoje posso contar algumas delas aqui. Ainda bem que eu mudei. Não há mais notícias daquela menina franzina, sem sal, nerd e pouco sociável de outrora. Mas não é sobre minha mudança pessoal que quero falar e sim daquela inaptidão por esportes.

No início de 2009 isso mudou, e eu encontrei a oportunidade de resolver esse problema que já considerava sem solução.  Meu pai resolveu colocar em prática uma ideia que ele já tinha em mente há algum tempo. Ele decidiu que formaria um time de vôlei e minha irmã foi a primeira a se empolgar com a ideia, claro. Também, foi exatamente na escola dela que o time começou a se formar. Eu não tinha como deixar essa oportunidade passar foi a segunda coisa que pensei, porque a primeira foi “você nunca levou jeito, agora não vai ser diferente”. Ainda bem que fiquei com o segundo pensamento. Eu duvido que haveria outra chance como aquela de encarar uma bola e me ajeitar com algum esporte. Resolvi fazer parte do time que a essa altura já tinha nome, patrocínio e uniformes. MINAS 7, um nome sugestivo, e lá fomos nós.

O que posso dizer dos nossos treinos de sábado à tarde? Superação todos os dias, vencendo a cada semana dificuldades tremendas e algumas inimagináveis para um time de vôlei. Um mês para dar três toques pra valer e dois para ensaiar e executar simples jogadas.  Nosso time parecia rodoviária, cada sábado um novo integrante. Mas no final das contas poucos permaneceram. Os melhores? Talvez. Permaneceram sim, os mais fortes, aqueles que estiveram desde o início com um propósito firme, como o meu: o de superar as dificuldades. Para quem antes não sabia nem segurar uma bola no ar, agora eu conhecia todas as regras de vôlei.

Uma experiência incrível, um exemplo sublime e ao mesmo tempo supremo do meu pai. Ele acreditou em mim e em garotas que aparentemente não tinham nada a oferecer para um esporte. E porque ele acreditou nós decidimos dar o melhor que tínhamos. Fizemos no início do inverno daquele mesmo ano um jogo amistoso contra outra escola do município, e não deu outro resultado. Consagramos-nos com a vitória, uma conquista de muito suor e de cara limpa. Ganhamos troféus, medalhas e o mais importante a certeza de que disciplina e fé são elementos essenciais para quem quer abraçar uma grande conquista.

Depois disso o vôlei durou pouco, não por falta de vontade mais por questões profissionais na vida do meu pai, que precisou viajar a trabalho e ficar todas as semanas fora. Não houve quem abraçasse o time na tentativa de mantê-lo e tivemos que parar com os treinos. Muitas garotas se formaram, outras mudaram de escola, cada um tomou o seu rumo e nossa história parou ali.  Todavia nunca se tornará esquecida.

Hoje escrevendo sobre isso, posso dizer que talvez não esteja longe a volta do MINAS 7. O meu pai está de volta, tentando achar disponibilidade para dar seguimento a esse projeto. Pode ser que em breve nossa escola de voleibol alimente novas esperanças, trazendo o esporte para vida de muitos que até já se resignaram a condição de sedentários inábeis.  Eu torço sinceramente para que isso aconteça.

O MINAS 7 mudou a minha vida. Pode ser que eu nunca mais jogue uma partida de vôlei pra valer, disputando campeonatos e tudo mais. Mas eu tenho certeza de que nunca mais me sentirei excluída, e caso alguém me convide para uma partida, dessas bem corriqueiras de fim de semana, na praia, no sítio, seja lá qual for o lugar, eu serei a primeira a topar.

Há chances de se tornar hábil no que quer que seja.
Quem determina a mudança somos nós.

O som da nossa vitória daquele mês de julho foi a canção: Dias melhores do Jota Quest.
Desconfio que não haja melhor canção para esboçar a história do nosso time. Se você conhece a letra vai entender bem porque eu falo isso...
Fica aí o vídeo da nossa vitória.









Pense nisso!!!!!
Roberta Amaro 



Um comentário:

  1. Como era bom ocupar meus sábados com o treino... Não me esqueço dos jogos valendo uma simples ''coca-cola'' do Oscar (e era neles que colocávamos em pratica tudo que tínhamos aprendido)... "Nosso time parecia rodoviária, cada sábado um novo integrante."" ADOREI, ali era igual coração de mãe: sempre cabia mais um... hehehe Todo mundo ali tinha um pouco para ensinar e para aprender... Saudades de todas... E se seu pai voltar a treinar, me avise, estou em Matozinhos outra vez, posso ajudar. Grande abraço!
    Mariele Lana

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