" ESCREVER É AMADURECER COM AS PRÓPRIAS IDEIAS!"

( Roberta Amaro )

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A SINESTESIA DA LEMBRANÇA



Puro e simplesmente nostálgico são estes momentos em que a memória insiste em despertar as lembranças. Os bons e memoráveis instantes vividos algum dia, todos juntos no baú das saudades.
 
É curioso perceber que mesmo diante de tantos anseios futuros e apesar de todos os desafios presentes, a boa essência passada ainda permanece ali cultivada e gravada na memória. Há aqueles que acessam facilmente os bons episódios vividos, já outros precisam se esforçar um pouco mais. Mas no fim todos nós somos capazes de revivê-los em pensamento. Seres nostálgicos por natureza, esta é a nossa espécie, é o que nos faz humanos.
 
Lembranças são quase sempre parte do que nos define. Definem o que mudou, o que permaneceu, o que fez e o que já não faz mais parte. Traduzem a história escrita à caneta em algum vão do tempo.
 
Ah! Essa essência passada e o eterno saudosismo que nos acomete... Está aí, a lembrança é aquela que dialoga com a saudade. As saudades do tempo que passou, dos momentos de glória tão triviais, das marcas de quem se conheceu e também daqueles que partiram um dia. Idas e vindas, ida sem volta. Saudade do que foi seu e também do que nunca lhe pertenceu um dia, muito embora com todas as forças se quisesse.
 
Lidar novamente com todo aquele turbilhão de sensações já vividas. Reviver vários momentos em poucos segundos e se regozijar por descobrir que por causa da memória eles continuam sendo seus. É a sinestesia da lembrança...
 
O cheiro do lanche na merendeira da escola...
Os olhos que contemplam os amigos de longa data numa fotografia...
A troca de calor daquele abraço esfuziante ganhado, oferecido, roubado...
O doce sabor da fruta apanhada do pé e saboreada alí mesmo...
O barulho do trem chegando na estação e o sino da igreja anunciando...
A voz inconfundível da mãe da  gente, num fim de tarde a chamar no portão: "- Hora de entrar e tomar banho, por hoje chega!", e a tentativa frustrada de ficar um pouco mais: "- Só mais um pouquinho, mãe." O pouquinho que podia durar uma vida inteira...
O brigadeiro na colher sem cerimônia, doce, doce, doce...bis, bis, bis...
O carinho daquele colo aconchegante do pai e da mãe quando a gente ainda cabia nele...
 
Depois de tudo, ainda bem que ela ainda cabe aqui dentro: A MEMÓRIA, o registro da vida.
 
Memória  remete às lembranças do que te pertenceu, e até mesmo daquilo que se perdeu.
 
Se faz parte da sua história sempre te pertencerá!
 
Assim vamos levando a vida de modo a fazer com que toda essa sinestesia tende somente a aumentar...
 
Pense nisso!
Roberta Amaro

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